Da árvore a que subi
Não avisto presságio ou agouro
Se dela cair será por ti
Valeu a vista sobre o Douro
Roubarei o que é meu
Com toda a vontade e agrado
Se me disseres que sou só teu
Serei feliz e eternamente enamorado
O sabor doce da tua laranja
Refrescam minha boca de desejos
Se teu sorriso meu sentido desarranja
Minha paixão se adoça com teus beijos
Reescrevo poesia em teus cabelos cor de mel
Que em pequenos gomos teu corpo aparto
Beijo e provo tua suave pele
No éden de teu recatado quarto
Não pareces tu me querer provar
Pois duvidas de tal doçura
Teu jeito disfarçado de não querer gostar
Me desatina, mas não me quebra a postura
És perfume fresco a citrino
És cor preta de teu gosto
És bocado de firmamento nesse corpo feminino
És azul de céu em meu fogo posto
És fruto de meu pomar
Bem lá no alto da laranjeira
Que com meu amor hei-de chegar
Serás a última a colher, mas para mim a primeira
As laranjas que roubei
Não tiveram senão este fim
Adoçar tua boca que beijei
E teu sorriso ficar sempre perto de mim.